Hospital Dr. Ernesto Che Guevara realiza primeira captação múltipla de órgãos para transplantes no SUS
18 de outubro de 2023O Hospital Municipal Dr. Ernesto Che Guevara, em Maricá, realizou na segunda-feira (16/10), a primeira captação múltipla de órgãos, onde foram captados coração, pulmão, fígado, pâncreas, rins, córneas, ossos e pele de um paciente do sexo masculino, que teve o diagnóstico de morte encefálica. Os oito órgãos doados serão utilizados em transplantes no Sistema Único de Saúde (SUS) e foram transportados em helicóptero pela equipe do RJ Transplantes.
Essa foi a quinta ação de captação de órgãos efetivada no Hospital Dr. Ernesto Che Guevara, que contou com o primeiro coração e pulmão captados para doação no local, um ato que contribui para salvar vidas de pessoas que aguardam por transplantes no SUS. As quatro captações anteriores totalizaram dois rins, um fígado e uma córnea. A unidade conta com a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), que faz a busca ativa de pacientes com morte encefálica, além de acolher e orientar as famílias, confirmando se a doação pode ser feita.
Integrante a CIHDOTT, Paula Nadaf destacou os processos necessários para efetivar a captação e a importância de falar sobre ser um doador.
“O paciente dessa captação teve o diagnóstico de morte encefálica, significando morte cerebral, mas os demais órgãos continuaram funcionando pelo auxílio de equipamentos. A doação só é possível atualmente com a autorização da família, então precisamos falar sobre isso com nossos familiares, mostrando a intenção de ser um doador e manifestando esse desejo em vida”, afirmou.
Ela também detalhou os processos minuciosos para identificação e posterior doação dos órgãos.
“No momento que diagnosticamos a morte encefálica, avisamos à equipe do RJ Transplantes e seguimos todos os critérios rigorosos estabelecidos. Com a certificação desse óbito, é iniciada a verificação de quais órgãos podem ser doados e a realização de diversos exames laboratoriais e médicos. Após isso, o Estado analisa a fila de espera por transplantes para atestar quem é compatível com o doador, seguindo diversos critérios técnicos”, acrescentou.
Captação de órgãos nos hospitais municipais
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Maricá começou a realizar captação de órgãos em 2022, quando o município passou a integrar o Programa Estadual de Transplantes (PET). Até o momento, já foram captados 19 órgãos nos hospitais municipais Dr. Ernesto Che Guevara e Conde Modesto Leal. O processo começa quando a equipe de profissionais identifica um quadro clínico com suspeita de morte encefálica, sinalizando à comissão responsável por essa área, que realiza a atualização da situação do paciente e faz as primeiras orientações à família, dando início ao acompanhamento.
Nessas situações, é obrigatório que a morte encefálica seja diagnosticada por dois médicos qualificados, seguindo resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM). Além disso, esses profissionais precisam ser titulares de uma das seguintes especialidades: medicina intensiva, neurologia, neurocirurgia e medicina de emergência. No caso de ausência, o diagnóstico pode ser feito por qualquer médico com, no mínimo, um ano de experiência no atendimento a pacientes em coma, que tenha acompanhado ou realizado, pelo menos, dez exames de determinação de morte encefálica ou tenha curso de capacitação na área.
É importante destacar que nenhum dos médicos habilitados para a abertura e fechamento do protocolo de morte encefálica pode fazer parte da equipe de transplantes.
Após todas as etapas de identificação e avaliação detalhada dos profissionais, são enviados dados e informações precisas à equipe do RJ Transplantes, que segue com a organização e análise dos processos necessários até a doação e o transplante de órgãos.
Médicos capacitados para identificação dos casos
Maricá sediou no dia 29/08 uma capacitação especializada em morte cerebral oferecida pela Central Estadual de Transplantes do Rio de Janeiro (CET-RJ), em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde. A iniciativa reuniu 22 profissionais e teve o intuito de indicar os critérios e procedimentos que devem ser adotados por médicos para definição da morte cerebral. A formação foi oferecida aos profissionais com, no mínimo, um ano de experiência no atendimento a pacientes em coma, que trabalham em unidades com leitos de ventilação mecânica no estado.
A formação “Determinação de Morte Encefálica” integrou o compartilhamento de conhecimentos teóricos e momentos de treinamento prático em um laboratório de simulação realística da Universidade de Vassouras (campus Maricá), onde foram retratadas situações do cotidiano médico através de equipamentos e manequins de alta fidelidade, que mostraram as vivências de um Centro de Terapia Intensiva (CTI).