Lagoa Viva analisa bactérias capazes de degradar microplásticos em Maricá
10 de outubro de 2023A equipe do laboratório de microbiologia da Biofábrica, parte do Projeto Lagoa Viva, iniciou no último mês uma pesquisa para avaliar micro-organismos com capacidade de degradar plásticos. O objetivo é identificar essas bactérias para utilizá-las nos bioinsumos produzidos na Biofábrica e, assim, conseguir reduzir a quantidade de plástico nas lagoas e canais de Maricá.
Segundo o coordenador científico do Lagoa Viva, Khauê Vieira, existem micro-organismos que são capazes de degradar o plástico.
“Eles são encontrados em diversos locais do mundo, principalmente nos Estados Unidos. Mas, como o processo de importação é demorado, a equipe do projeto decidiu fazer testes para descobrirmos bactérias aqui no Brasil que cumpram esse objetivo. Estamos isolando esses grupos de micro-organismos para identificar se eles são, de fato, capazes de degradar os plásticos”, afirma Khauê.
Diferentes tipos de plásticos em análise
Segundo o coordenador do laboratório de microplásticos, Joel Junior, a principal intenção do estudo é entender como essas bactérias conseguem formar colônias e aderir ao plástico para poder, a partir daí, degradá-lo.
Nessa primeira análise estão sendo utilizados três tipos de materiais: o P.A, utilizado nas redes de pesca; o pet, material das garrafas pet; e o PEBD – polietileno de baixa densidade, que é encontrado em sacolas de mercado.
Processo da pesquisa
As linhagens das bactérias foram cultivadas na Incubadora Shaker e devem permanecer por um período de aproximadamente cinco semanas. Joel explica que as bactérias foram introduzidas com o plástico em um meio salino, sem nutrientes, para induzir as bactérias a consumirem o material. Elas ficam no shaker, com rotação em 37º C, para criar um ambiente favorável para elas sobreviverem.
“Três vezes por semana avaliamos se as bactérias estão sobrevivendo com a presença do plástico. Até hoje, elas estão vivas, indicando que estão usando o plástico como fonte de nutrientes”, analisa Joel Junior.
Depois do período, a equipe vai levar os plásticos para serem avaliados em microscópio eletrônico de varredura (MEV). “Essa técnica de visualização é utilizada para observar se as bactérias são capazes de formar biofilme, ou seja, quando as colônias de bactérias se aderem ao plástico formando um filme, a partir dai, devido a tração mecânica, ou liberando enzimas, que auxiliam na quebra dos polímeros e aumentam o poder de degradação delas”, finaliza Joel.