Enterro de menina morta em abordagem da PRF no RJ é marcado por consternação da família e silêncio durante cortejo

Enterro de menina morta em abordagem da PRF no RJ é marcado por consternação da família e silêncio durante cortejo

18 de setembro de 2023 0 Por Francisco Avelino

Tia reconhece corpo de Heloísa, no IML Duque de Caxias — Foto: Ana Branco

O corpo de Heloísa dos Santos Silva, atingida por um tiro na cabeça durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF), foi enterrado na tarde deste domingo, em Petrópolis, Região Serrana do Rio, onde mora a família. A menina morreu às 9h22 de sábado, após ficar nove dias internada no Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias. Em cerimônia restrita a amigos e parentes, homenagens em forma de canção e em coroas de flores tentavam confortar a família. Já durante o cortejo, o grupo, de cerca de 100 pessoas, optou pelo silêncio.

O velório, realizado desde o início da tarde deste domingo, aconteceu na capela Girassol I, na praça Oswaldo Cruz, no centro de Petrópolis, a cerca de 200 metros do Cemitério Municipal, onde o corpo da menina foi sepultado, às 16h30. Uma das canções entoadas pelos presentes foi o louvor “Segura na mão de Deus”, que podia ser ouvido da rua.

Parentes de Heloísa pediram para que imagens não fossem feitas durante o velório e contaram que os pais da menina, William da Silva e Allana da Silva, estavam abalados e que se sentiram mal durante a despedida. O clima era de consternação, com choros e abraços entre os familiares, que se consolavam. Algumas pessoas que chegaram ao local também demonstravam revolta quanto à ação da PRF

Para sair da capela, as pessoas precisavam descer por uma pequena escada, de 15 degraus, por onde familiares em prantos deixaram o local, mesmo caminho feito pelo pequeno caixão branco, colocado no carro da funerária, para cortejo até o cemitério.

Representantes do Ministério Público Federal estiveram no local para prestar solidariedade à família e chegaram à capela em dois carros identificados, com um deles abraçando o pai de Heloísa. Durante a cerimônia, ao menos quatro coroas de flores foram levadas para a capela, uma delas em nome da prefeitura de Petrópolis.

Parada cardiorrespiratória irreversível

Na manhã deste domingo, o corpo da menina foi liberado do Instituto Médico-Legal de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Ela estava internada desde a noite do último dia 7, no Hospital municipalizado Adão Pereira Nunes, na mesma cidade, onde morreu às 9h22 deste sábado, após uma parada cardiorrespiratória irreversível.

A causa da morte foi divulgada em laudo pelo hospital: Lesão transfixante de encéfalo por projétil de arma de fogo. A declaração de óbito foi entregue no Instituto Médico Legal (IML) de Duque de Caxias à tia da criança, Danielle da Silva, que aguardava para fazer o reconhecimento do corpo e tomar as medidas necessárias ao sepultamento. Segundo ela, mãe e pai da vítima seguem em choque pelo ocorrido.

Heloísa foi atingida na cabeça e na coluna enquanto o carro da família, que mora em Petrópolis, passava pelo Arco Metropolitano, na altura de Seropédica, durante a volta para casa após um dia com parentes na cidade de Itaguaí.

Os disparos partiram de agentes da Polícia Rodoviária Federal, que alegaram ter consultado uma anotação por roubo relacionada à placa do veículo e, ainda, ouvido sons de tiro.

No entanto, o pai de Heloísa, William da Silva, disse no dia seguinte que não sabia que o veículo (um Peugeot 207) era roubado e apresentou os documentos do carro da delegacia. Segundo ele, os agentes não fizeram ordem de parada e, quando percebeu a proximidade da viatura, deu seta para sinalizar que iria encostar, mas ouviu os tiros quando estava quase parando.

— Não tem como ser diferente. Seria muito difícil com uma vítima de qualquer idade, mas sobretudo sendo criança. Era uma criança encantadora. Por onde passava, alegrava e conquistava. E num feriado, dia que era pra ser de alegria, em que foram visitar a vó materna, isso aconteceu — lembrou.

Relembra o caso: