Diário de um suicida Pelo Setembro Amarelo

Diário de um suicida Pelo Setembro Amarelo

14 de setembro de 2020 0 Por Francisco Avelino

“Texto fictício em referência à prevenção do suicídio.”

Por Dr. Alan Christi

Hoje é o dia do meu suicídio. Chegamos ao final. Não quero e nunca quis me matar, mas, preciso acabar com este sofrimento. Preciso eliminar a dor. Essa dor incessante que não me deixa viver, que não me deixa dormir, que não me deixa comer, que não me deixa amar.

Atualmente não vivo, sobrevivo. Aos trancos e barrancos acordo todos os dias, querendo não ver o Sol. A vida não tem sentido. Não consigo ter sonhos, não consigo ter planos, não consigo enxergar o amanhã. A dor é tanta que quero sumir.

Os dias se tornam iguais e as pessoas parecem estar distantes. Me sinto só e não vejo saída. Onde estão meus amigos, minha família, alguém que possa me ajudar? Eu peço socorro, mas, ninguém escuta. Eu peço ajuda, mas, ninguém enxerga. Eu peço colo, mas, ninguém percebe. Eu não quero morrer, mas, não consigo me manter vivo.

Minha vida passa em minha mente, inteirinha, várias vezes por dia. Acumulei muitos sentimentos. Guardei muitas mágoas, coisas que eu não pude compreender e que machucam demais. Lembranças pesadas e dolorosas.

Traumas e experiências ruins que ficaram lá dentro do meu peito e agora não consigo tirar. Só que ninguém sabe e ninguém compreende porque dói tanto. No fundo, não quero me expor. Não quero que ninguém veja minhas feridas, meu sofrimento. Só queria que alguém me entendesse. Só queria enxergar uma saída e buscar a luz no fim do túnel.

O que eu sinto não é frescura, nem invenção. Sofro de verdade e a dor que dói dentro de mim só eu sei o gigantesco tamanho que ela tem. Minha história só eu conheço por completo e minhas feridas estão sobre mim e mais ninguém.

Não preciso de julgamento, nem de conselhos perfeitos, nem de alguém que zombe ou faça pouco caso do meu problema e de minha tristeza. Preciso de colo, de apoio de orientação e de AJUDA. Se alguém ai tiver a paciência de me escutar, a ética de me respeitar e a fraternidade de me acolher, me busque, me abrace e me direcione. Assim, quem sabe eu consiga enxergar que a vida vale a pena.

No fundo eu quero que essa ajuda chegue logo e que eu consiga sair dessa caverna mental e emocional. Mesmo que eu não fale, lá dentro de mim, há uma esperança e um desejo que isso passe logo e que tudo termine bem. O caminho mais rápido do alívio é não viver mais. Porém, com a ajuda de alguém e a compreensão dos que me rodeiam, talvez eu consiga superar e mudar o rumo dessa história e do dia de hoje.

Será que você poderia me ajudar a mudar a primeira frase desse texto? Estendendo a mão pra mim, possivelmente eu começaria assim: “Hoje é o dia do meu recomeço…”

Mesmo não conseguindo expressar, eu conto com você!