O Inverso do Contrário
15 de julho de 2020Por Alan Christi
Quem nunca jogou cara-e-coroa? Dois lados de uma mesma moeda. Duas faces de uma mesma estrutura. O sim e o não. O bem e o mal. Dentro e fora. Quantas coisas em nossas vidas parece-nos opostas, contrárias, incompatíveis. Mas quando as analisamos de perto vemos que fazemos parte do universo e ele também faz parte de nós.
Não somos perfeitos e cabe em nosso interior tudo que é de bom e de ruim nessa vida. Tudo pode fazer parte de nós. Basta que deixemos. Por isso, virar a moeda é sempre uma opção. Não precisa ser um jogo de sorte ou azar. Quando assumimos o rumo de nossa vida, o caminho a seguir passa a ser uma escolha e mudar é possível.
Talvez quando olhamos para nossa vida, muitas vezes achamos que tudo que acontece é obra do destino. Chegamos a colocar a culpa de tudo numa dimensão que não podemos alcançar ou que não podemos mudar. Claro! É mais fácil e mais cômodo.
Porém, nosso inconsciente existe, e estará ali, mais adiante, para nos cobrar essa inércia. Sofremos constantemente por permanecermos no mesmo lugar e por deixarmos a moeda virada sempre no mesmo lado. O que vê na figura acima? Um cálice ou dois rostos? As duas figuras estão ali.
Elas existem num mesmo contexto. Você pode ver uma ou outra, ou até mesmo as duas. Mas pode privilegiar o uso ou a percepção de uma delas.
Todos nós podemos escolher. Nós temos escolha. Mesmo que a escolha seja apenas resistir. Mesmo que a escolha seja apenas persistir, lutar. Mesmo que a escolha seja amar ou sentir. Mas há uma escolha.
Até mesmo permanecer no mesmo lugar ou ignorar as possibilidades que a vida nos oferta e que a nossa mente guarda em si mesma, é uma escolha. Uma triste escolha, mas é uma escolha.
Então, se as coisas se apresentam de uma determinada maneira para você, há sempre um outro lado. Nada é tão ruim que não possa piorar e nada é tão bom que não possa melhorar. Há sempre portas e janelas que podem ser abertas ou fechadas.
Mesmo para aquelas pessoas que o contexto social é imperativo e cruel, existem fendas e possibilidades. Existem caminhos e escolhas. Existem sonhos, desejos, afetos, amores, pensamentos.
O que estamos apontando aqui, portanto, é que a vida sempre terá algo de bom e de ruim, assim como as coisas e as pessoas também.
E o mais importante, essas coisas elas coexistem em nós e no mundo. E essa constatação não deve ser vista como terrível ou assustadora. Pelo contrário! Deve ser tida como uma grande oportunidade de virar a mesa, virar o jogo, construir, criar, desvelar, refazer, renovar.
Se tudo está em nós mesmos, é possível acharmos nessa imensidão aquilo que mais queremos. É possível achar o que nos parece bom. E se por um acaso errarmos em nossas escolhas, em nossos comportamentos, em nossas construções, logo adiante temos a infinita chance de tentarmos novamente e de procurarmos mais uma vez o que seja melhor. É uma construção permanente e que nos afasta de uma hipocrisia da pureza e da perfeição.
Que nos mostra que o preconceito é uma falha grave, pois, temos em nós tudo de melhor e de pior. Mas que o poder da escolha e a perseverança na evolução e no ato de tentar é o que fará a grande diferença nesse jogo de um inverso do contrário que, inevitavelmente, sempre nos levará a nós mesmos…