Jornal Litoral RJ

O “fenómeno extremo” em Alcântara (Lisboa) foi um tornado cientificamente fraco mas empiricamente forte

Foto: Cleunice Lisboa cedido para o Jornal Litoral RJ (Bombeiro de Lisboa retirando os galhos que caíram nos carros)

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) que o inicialmente os meteorologistas apontaram como “fenómeno extremo” na zona de Alcântara, em Lisboa, tratou-se de um tornado de “fraca intensidade”.

https://cnnportugal.iol.pt/tornado/alcantara/o-fenomeno-extremo-em-alcantara-lisboa-foi-um-tornado-cientificamente-fraco-mas-empiricamente-forte/20221108/636a98620cf26256cd3ed6ac

“Foi um tornado de intensidade fraca, entre f0 e f1 na escala de Fujita, que é a escala que mede a intensidade dos tornados. Este teve um tempo de vida relativamente curto”, esclareceu a meteorologista Patrícia Gomes, apontando que o episódio terá demorado entre um ou dois minutos, conforme os testemunhos locais.

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Um tornado com esta intensidade está associado a velocidades de vento entre 117 km/h a 180 km/h e, como a velocidade está em rotação, pode ter uma força capaz de “arrancar uma árvore do solo ou arrancar um telhado e transportá-lo uns metros para lado”.

A meteorologista admite que estes episódios “não são normais” no território continental, mas reconhece que “de vez em quando acontece” e deve-se a um “conjunto de fatores que nem sempre é fácil de explicar”.

Este tornado está associado a uma “superfície frontal fria, de atividade moderada a forte, que tem vindo a percorrer o país a partir de norte mas que vai acabar por varrer todo o território ao longo desta terça-feira” – e que é responsável pela precipitação intensa em todo o país, explica Patrícia Gomes.

Ora, ao longo desta superfície podem formar-se umas “células” – que é o termo meteorológico que se usa quando se formam “nuvens com uma dimensão considerável com desenvolvimento vertical” – que “podem atingir entre 10 km a 12 km de altura” e que podem provocar descargas elétricas e que estão associadas a forte precipitação e vento muito intenso. Contudo, nem sempre estas células podem resultar em tornados, ressalva a meteorologista, garantindo que não há qualquer previsão para novos tornados em Portugal nos próximos dias.

Mas foi isso que aconteceu em Alcântara, explica a meteorologista, que distingue este episódio daquele que aconteceu na Marinha Grande esta terça-feira de tarde e que, garante, “não foi um tornado” mas sim “um episódio de vento intenso, com alguma destruição, sim, mas a sua génese era ligeiramente diferente”.

Os moradores da freguesia de Alcântara dizem que nunca viram nada assim. Caíram árvores, algumas em cima de automóveis e alguns telhados levantaram-se, como aconteceu com parte do telhado do Banco Alimentar Contra a Fome, na Avenida de Ceuta, cujas telhas e vigas de madeira terão percorrido mais de 100 metros arremessadas pelo vento. O tornado derrubou também candeeiros de iluminação pública e caixotes do lixo.

Mais tarde, a meteorologista Patrícia Gomes, contactada pela CNN Portugal, confirmou que se trata mesmo de um tornado e explicou que estes episódios ainda “demoram algum tempo a avaliar”, uma vez que os meteorologistas têm de “analisar imagens de satélite e imagens de radar”, além de tentar perceber “a hora exata ou a hora mais próxima possível da situação que ocorreu” para assim “tentar perceber a trajetória e os movimentos associados” ao episódio em questão.

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