Unidos da Ponte, Porto da Pedra e Cubango se destacam no 1º dia de desfiles da Série A no Rio

Unidos da Ponte, Porto da Pedra e Cubango se destacam no 1º dia de desfiles da Série A no Rio

21 de fevereiro de 2020 0 Por Francisco Avelino

Primeiro desfile começou com 15 minutos de atraso, após chuva. Vigário Geral, Rocinha, Renascer de Jacarepaguá e Império Serrano também desfilaram nesta sexta (21)

Unidos da Ponte, Unidos do Porto da Pedra e Acadêmicos do Cubango, três escolas de fora da capital, se destacaram no primeiro dia de desfiles na Sapucaí, que começou na sexta-feira (21) com as apresentações das escolas da Série A.

A abertura do carnaval de 2019 no Rio teve ainda Acadêmicos de Vigário Geral, Acadêmicos da Rocinha, Renascer de Jacarepaguá e Império Serrano.

Os desfiles atrasaram 15 minutos devido à chuva, que parou antes da primeira escola entrar na avenida, mas que voltou algumas vezes ao longo da madrugada.

Na noite deste sábado (22), outras sete escolas encerram o carnaval da série A deste ano: Acadêmicos do Sossego, Inocentes de Belfort Roxo, Unidos de Bangu, Acadêmicos de Santa Cruz, Imperatriz Leopoldinense, Unidos de Padre Miguel e Império da Tijuca.

No primeiro dia, nenhuma das escolas estouraram o tempo máximo de 55 minutos, mas algumas tiveram problemas com seus carros alegóricos.

Acadêmicos de Vigário Geral

Egili Oliveira, rainha de Vigário — Foto: Alexandre Durão/G1
Egili Oliveira, rainha de Vigário — Foto: Alexandre Durão/Divulgação

Campeã da Série B em 2019, a Vigário Geral abriu a noite cerca de 15 minutos depois do horário previsto por causa da chuva, que parou antes do começo do desfile.

Com o enredo “O conto do vigário”, a escola falou sobre as farsas e o folclórico “jeitinho” brasileiro que ajudaram a construir a história do país desde seu descobrimento.

O desfile remetia à participação da Vigário na Série C em 2017, com o samba “Nasce um trouxa a cada minuto”, que era mais focado no enganado, e não nos enganadores.

A comissão de frente já ajudava a estabelecer o enredo ao contar a história de um vigário que enganou fiéis em Minas Gerais, no século XVII, com um burro com a imagem da Virgem. Na bateria, uma longa “paradona” permitia que a o samba se destacasse na voz do intérprete Tem-Tem Jr.

Com suas 24 alas, três alegorias e 1.700 componentes, a Vigário Geral mostrou a inocência do Brasil antes da chegada dos colonizadores, passou por histórias como a dos santos de pau oco, e refletiu sobre golpes usados até os dias de hoje.

Um dos tripés da escola mostrava um palhaço de terno com a faixa presidencial que fazia referência ao gesto do presidente Jair Bolsonaro de fazer armas com as mãos.

Ao encerrar o desfile com 53 minutos, a escola marcou seu retorno à Sapucaí, onde não disputava desde 1996, quando participou do antigo Grupo B.

Acadêmicos da Rocinha

Destaque da Acadêmicos da Rocinha — Foto: Alexandre Durão/G1

Destaque da Acadêmicos da Rocinha — Foto: Alexandre Durão/G1

A Acadêmicos da Rocinha foi a segunda escola a entrar na Marquês de Sapucaí.

Com o enredo “A guerreira negra que dominou dois mundos”, a escola contou a história de Maria da Conceição, uma escrava do Congo trazida para o Brasil e que aqui se tornou a guerreira Maria Conga.

Ela foi considerada uma heroína em Magé, cidade que tem o único quilombo reconhecido na Baixada Fluminense, o Quilombo Maria Conga.

Em 2018, a Rocinha ficou na 11ª colocação com o samba “Bananas para o preconceito”.

A comissão de frente contou a história de Maria Conga, da mulher no Quilombo da Magé a um espírito de luz.

Depois de uma ala com deficientes visuais acompanhados de seus guias representando a luta por direitos após a alforria de Maria, um carro alegórico feito por milhares de bambus como símbolo do próprio quilombo.

A escola enfrentou um problema com a terceira alegoria, que teve dificuldade para passar no meio da Sapucaí e deixou um grande buraco no desfile por alguns minutos.

O carro ilustrada a união das diferentes religiões de origem africana, com umbandistas, candomblecistas e espíritas.

Com 17 alas, três alegorias e 1.500 componentes, a Rocinha encerrou sua participação com 54 minutos.

Unidos da Ponte

Carro alegórico da escola — Foto: Alexandre Durão/G1
Carro alegórico da escola — Foto: Alexandre Durão/Divulgação

Com o enredo “Elos da eternidade”, a Unidos da Ponte, de São joão de Meriti, fez uma conexão entre o abstrato e o mundo real para falar dos problemas que o carnaval vem passando.

A escola também aproveitou para mostrar que desde os primórdios a humanidade tenta se ligar à eternidade, seja através de através da religião ou dos legados para as futuras gerações.

A chuva voltou a cair na Sapucaí, o que dificultou um pouco a vida da Ponte. No carro abre-alas, a grande estátua de Zeus teve problemas e quase perdeu totalmente a cabeça.

Fundada em 1952, a Unidos da Ponte participou dez vezes do grupo principal do carnaval do Rio. A última vez foi em 1996. Em 2019, com o enredo “Oferendas”, ficou no 10º lugar.

Para tentar retornar ao Grupo Especial, a Ponte conta com o trabalho do carnavalesco mais novo d Série A, Lucas Milato, de 23 anos, que estreou na Sapucaí e fez um desfile com muitas cores na avenida.

Sob seu comando, a escola contou com 21 alas, três alegorias e um tripé e 1.900 componentes, e terminou o desfile em 53 minutos.

Unidos do Porto da Pedra

Kamila Reis, rainha da Porto da Pedra — Foto: Marcos Serra Lima / G1
Kamila Reis, rainha da Porto da Pedra — Foto: Marcos Serra Lima Divulgação

A Unidos do Porto da Pedra, de São Gonçalo, apresentou o enredo “O que é que a baiana tem? Do Bonfim à Sapucaí”, da carnavalesca Annik Salmon, que estreou sozinha na função.

A escola queria prestar uma merecida homenagem à ala mais tradicional das escolas de samba: a ala das baianas. Uma homenagem às chamadas mães do samba, quituteiras ou não, mas que fazem parte da história do carnaval.

A Porto da Pedra ficou na terceira posição da Série A de 2019 com uma homenagem ao ator Antonio Pitanga. Ela não volta ao Grupo Especial desde que caiu, em 2013.

A comissão de frente, que mostrava a ligação entre as baianas e as africanas, era acompanhada do coreógrafo Carlinhos de Jesus, que divide o comando com a também coreógrafa Karen Ramos.

As alas continuaram a explorar os diferentes pontos da história e da cultura das baianas. Uma delas mostrava a mudança de inúmeros baianos para o Rio de Janeiro, com miniaturas de caravelas sobre as cabeças dos componentes.

A Porto da Pedra contou com 20 alas, quatro alegorias e 1.500 componentes, e encerrou seu desfile em 53 minutos.

Acadêmicos do Cubango

Acadêmicos do Cubango atravessa a avenida — Foto: Alexandre Durão/G1
Acadêmicos do Cubango atravessa a avenida — Foto: Alexandre Durão/ Divulgação

A Acadêmicos do Cubango contou a história do patrono da abolição, Luiz Gama, no enredo “A voz da liberdade”. Para a escola, ele foi um dos personagens mais importantes da história do Brasil, mas pouco conhecido.

Apesar de um desfile colorido e enfeitado, a escola de Niterói sofreu com problemas em seus dois primeiros carros. O abre-alas perdeu a conexão entre suas duas partes, o que pode custar um décimo de punição. Já algumas estátuas da segunda alegoria apresentaram alguns defeitos.

A Cubango foi vice-campeã em 2019, graças ao enredo “Igbá Cubango – A alma das coisas e a arte dos milagres”.

Para tentar compensar os tropeços, a escola mostrou uma comissão de frente com escravos lutando pela liberdade e o próprio Gama, um advogado, tentando ajudá-los.

O desfile dos carnavalescos Alexandre Rangel e Raphael Torres, que trabalham juntos há 14 anos, também contou com uma bateria coreografada, que recuava e se misturava às passistas.

A Acadêmicos do Cubango apresentou 21 alas, três carros e um tripé e 2.300 componentes em seu desfile de 53 minutos.

Renascer de Jacarepaguá

Musa da Renascer de Jacarepaguá, Larissa Reis — Foto: Alexandre Durão/G1
Musa da Renascer de Jacarepaguá, Larissa Reis — Foto: Alexandre Durão / Divulgação

A Renascer de Jacarepaguá celebrou a importância e o trabalho das benzadeiras em seu enredo “Eu que te benzo, Deus que te cura”, do carnavalesco Ney Júnior. Ao longo de seu desfile, a escola usou essas mulheres como inspiração para mostrar a diversidade de manifestações espirituais.

A Renascer ficou com o sétimo lugar em 2019, com um enredo sobre a festa de Iemanjá no Rio Vermelho. Ela chegou a disputar no Grupo Especial em 2012, quando o samba sobre Romero Britto deixou a escola em último.

Ao contrário do que se esperaria, a escola escolheu começar seu desfile retratando as mazelas que tornam as benzedeiras necessárias.

Depois de uma comissão de frente sobre tragédias como fome e violência, o abre-alas mostrava as más energias que podem se manifestar em alguma doença física ou emocional.

Com o tempo, o desfile evoluiu para vibrações melhores, com alas sobre a fé retratada em diferentes religiões. O segundo carro, que retrata a mistura de índios, negro e portugueses, teve um problema com uma das rodas e foi empurrado, mas não causou buracos.

A Renascer de Jacarepaguá teve 21 alas, três carros e um tripé e 1.600 componentes, em um desfile de 55 minutos.

Império Serrano

Quitéria Chagas desfila na Sapucaí — Foto: Marcos Serra Lima/G1
Quitéria Chagas desfila na Sapucaí — Foto: Marcos Serra Lima Divulgação

O Império Serrano encerrou o primeiro dia da Série A com o enredo “Lugar de mulher é onde ela quiser”. O desfile exaltou a força feminina na sociedade e homenageou personalidades da escola, como a cantora Dona Ivone Lara e a ex-presidente Neide Coimbra.

Última colocada no Grupo Especial em 2019 com enredo sobre Gonzaguinha, o Império Serrano já tinha ficado em último em 2018, mas teve o rebaixamento então anulado.

Em 2020, a escola começou com problemas em uma das alas mais tradicionais do carnaval. As baianas tiveram de entrar com fantasia incompleta, sem as saias.

Segundo o carnavalesco, Júnior Pernambucano, a costura não encaixou e não tiveram tempo de arrumar. Assim que pisaram na Sapucaí, muitas se emocionaram e começaram a chorar.

Depois de uma comissão de frente sobre tia Maria do Jongo, uma das fundadoras da escola, o carro abre-alas, uma homenagem a Dona Ivone Lara e outra moradoras do morro da Serrinha e de seu entorno, também enfrentou problemas e teve de ser empurrado.

Com 23 alas, três carros e um tripé e 2.100 componentes, o Império Serrano teve de correr um pouco ao final do desfile, mas conseguiu atingir os 55 segundos.

  • ACADÊMICOS DA ROCINHA
  • ACADÊMICOS DE VIGÁRIO GERAL
  • ACADÊMICOS DO CUBANGO
  • IMPÉRIO SERRANO
  • RENASCER DE JACAREPAGUÁ
  • UNIDOS DA PONTE
  • UNIDOS DO PORTO DA PEDRA