O fim definitivo do Titanic

O fim definitivo do Titanic

21 de janeiro de 2020 0 Por Francisco Avelino

Casco do transatlântico está sendo devorado por bactéria e vai sumir em dez anos

O Titanic está com os dias contados. O casco do navio mais famoso do mundo, que resistiu 106 anos nas profundezas do oceano Atlântico, contraiu uma doença fatal.

Ele está sendo devorado por uma bactéria que come metal e vai desaparecer em apenas dez anos. Em 2030 tudo que restará do RMS Titanic será uma mancha de ferrugem no fundo do mar.

A bactéria é a Holomones Titanicae, que era totalmente desconhecida até ser descoberta em 2010, pela cientista Henrietta Mann, em amostras colhidas no local do naufrágio. Ela estimou que tudo vai desmoronar até 2025. O navio é tão famoso que seus destroços foram tombados pela UNESCO para evitar que fossem saqueados por caçadores de tesouros.


A história do RMS Titanic é tão fabulosa que parece ter saído da imaginação de um escritor. Mas, aconteceu realmente na vida real. No dia 10 de abril de 1912 o navio deixou o porto de Southampton, na Inglaterra, com destino à Nova Iorque.

Era o maior e mais luxuoso navio já construído e levava a bordo 2.224 pessoas, entre elas alguns dos homens mais ricos do mundo como o milionário John Jacob Astor.

1912: A morte sob um céu cheio de estrelas

Navegando em velocidade máxima o navio se encontrava a 600 quilômetros da costa canadense na noite de 14 de abril.

Era uma noite sem lua, de céu estrelado e o mar se encontrava tão calmo que parecia um espelho refletindo a Via Láctea acima do navio.

Um sobrevivente da tripulação disse que em 25 anos de carreira ele nunca tinha visto um mar tão calmo. O reflexo do céu estrelado na superfície lisa do oceano tornava difícil visualizar o horizonte.

Era como se o transatlântico, todo iluminado, flutuasse entre as estrelas, envolto pelo arco fosforescente da Via Láctea.


A tragédia aconteceu de repente, as 23h40. O vigia Frederick Fleet, no alto do mastro da proa, avistou um iceberg bem na frente. A montanha de gelo azul parecia negra na escuridão da noite.

E só foi avistada alguns minutos antes da colisão. O timoneiro tentou desviar, mas o navio, de 52 mil toneladas, raspou no iceberg que rasgou um lado do casco.

A água gelada invadiu os compartimentos estanques e o Titanic afundou duas horas depois. Não havia botes salva-vidas para todos e 1.500 pessoas foram para o fundo junto com o navio e suas riquezas.


Durante 73 anos o destino final do Titanic foi um mistério. Três expedições tentaram encontrar os destroços na década de 1970 e fracassaram.

O que alimentou a imaginação dos escritores. Clive Cussler e Arthur C. Clarke escreveram livros imaginando que o navio se encontrasse praticamente intacto no fundo do mar.

Preservado pelo frio de 2 graus centígrados a 3.800 metros de profundidade e imaginaram seu resgate no futuro. Três filmes sobre a tragédia, feitos entre 1953 e 1979 mostravam o navio afundando inteiro.

E o mistério só terminou em setembro de 1985, quando uma expedição liderada pelo oceanógrafo americano Robert Ballard encontrou o túmulo do navio, e revelou que ele tinha se partido em dois ao afundar.


A seção da proa, enterrada no lodo, parecia razoavelmente intacta. A popa fora esmagada ao colidir com o fundo. Em 1986 Ballard fotografou o naufrágio usando o mini submarino Alvin e o robô Jason Jr. Ele acreditava que os restos do Titanic deviam ser deixados intocados, por serem o túmulo de 1.500 pessoas.

Pessoas das quais só restaram os pares de sapatos espalhados pelo fundo do oceano (o tanino dos calçados fez com fossem intragáveis para os animais marinhos).

Mas, nem todos compartilhavam da mesma opinião e uma expedição francesa, de 1987, usou o submarino Nautille para tirar mais de 1.600 objetos do local.

De xícaras a pratos, estátuas e até um cofre inteiro. O Titanic virou uma atração turística e no ano 2001 os americanos David Lebowitz e Kimberly Miller se casaram a bordo de um mini submarino pousado sobre a proa do Titanic.


Para evitar a depredação a UNESCO tombou o local. Mas, as últimas expedições, realizadas em 2010, comprovaram a desintegração progressiva do naufrágio.

A cabine do capitão Smith, com sua banheira, filmada em 1989 e 2001 já desmoronou e sumiu. E dentro de alguns anos tudo que restará do famoso navio será sua imagem em filmes, como o já clássico “Titanic” do James Cameron.

Jorge Luiz Calife

1986: O Alvin explora a proa em ruínas

2003: A ferrugem consome o casco

2010: A banheira do capitão já desapareceu

Fonte: Diário do Vale